Em meio a crescente evolução tecnológica, os tratamentos e procedimentos médicos não fogem à regra. É cada vez maior o impacto da tecnologia na medicina, e sem dúvida, com melhoria nos resultados em praticamente todas as especialidades médicas. Na cardiologia, o impacto da tecnologia é inegável e extremamente bem vindo.
Contudo, em relação aos tratamentos dos pacientes cardiológicos, não podemos nos esquecer que existe sempre a necessidade do tratamento clínico, primordial e básico, medicamentoso e não medicamentoso, e que a tecnologia continua sendo um poderoso complemento para os cardiologistas.
Este conceito, da valorização do tratamento clínico, essencial a todo e qualquer tratamento médico, em algumas situações é pouco valorizado. Faz parte de qualquer tratamento o que chamamos de “tratamento não medicamentoso”, que engloba uma série de orientações e atitudes, desde mudança de hábitos alimentares, diminuição do estresse, abandono de tabagismo e etilismo, até a valorização uma conduta essencial: a atividade física.
A prática regular da atividade física é essencial não só para a saúde cardiovascular, como também para o bem-estar geral e qualidade de vida. A diferença é visível quando se adquire o bom hábito da prática regular de atividade física. Os benefícios existem de maneira científica, com diversos trabalho, demonstrando que a atividade física regular melhora o controle de hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia (sendo um dos grandes responsáveis pelo aumento do bom colesterol, ou HDL-c), doenças articulares, etc. Ainda existe a sensação individual de melhora do bem-estar geral, maior disposição para o trabalho e o lazer, melhora na qualidade de sono, controle de peso, dentre outros.
Sempre que falamos em atividade física, a palavra “regular” vem em conjunto, pois é a regularidade que traz os benefícios citados acima. A prática eventual, como o futebol de final de semana, não traz benefício, ocasionando inclusive lesões articulares e musculares com freqüência. Que esta atividade então seja feita regularmente, ideal é cinco vezes por semana.
Outra questão se refere ao receio da atividade física ser realizada, principalmente nos pacientes com doenças cardíacas, este MITO deve ser derrubado. Praticamente não existe paciente que não possa fazer atividade física. Para cada pessoa há uma atividade ideal. Porém, necessitamos da avaliação prévia com o cardiologista e o acompanhamento da atividade por profissionais especializados neste perfil de paciente. Hoje dispomos na nossa cidade de academias com estes profissionais, que conseguem identificar a atividade física ideal, orientando os pacientes e monitorando seu treinamento. É impressionante o ganho com este tipo de seguimento, muitos pacientes melhoram consideravelmente sua qualidade de vida. Neste grupo incluímos desde hipertensos até aqueles portadores de cirurgias cardíacas, marcapassos, próteses valvares, etc.
E quando começar? Já. O mais importante e difícil é iniciar. Não vamos esperar ter tempo, pois não iremos ter nunca. Não vamos esperar estar descansados e tranqüilos. Temos que tornar a atividade física como rotina. Não pode ser quando der. Tem que ser sempre.
Pequenas atitudes do dia-a-dia ajudam muito. Não use ou use menos elevador. Se for subir um andar ou descer, vá de escada. Se utiliza ônibus, experimente descer uma parada antes do seu ponto final, cuidado com os assaltos! No final de semana, caminhe pelo bairro.
Mexa-se!
Somos cada vez mais imediatistas, então não espere benefícios em uma semana, mas terão eles com certeza ao longo dos meses, e o mais importante: quando você menos perceber, o dia que não fizer atividade física lhe fará falta. Quando chegar neste ponto, PARABÉNS, você estará com um “excelente vício”.
Dr. Gustavo Torres
CRM 4520